sexta-feira, 12 de junho de 2009

Controle sem controle

Controle remoto é complicado. Principalmente aquele que a gente usa para controlar a TV, o DVD ou a caixa da nossa TV por assinatura. Não existe padrão em nenhum do mundo, apenas propostas de padronização. É por isso que todos os usuários não reaproveitam o que aprenderam utilizando o seus aparelhos quando trocam por outro. É a mesma história, tem que aprender tudo de novo.

Não vou repetir as mazelas do design de interação dos controles (até o Nielsen tem artigo sobre isso - http://www.useit.com/alertbox/20040607.html), pois isso tudo mundo sabe pois também sofre. Quero usar este post apenas para mostrar uma proposta que está na minha cabeça faz um tempo.

A questão da TV interativa no sentido mais amplo dessa interatividade (desde trocar de canal até mesmo configurar um bloqueio de faixa etária ou comprar um produto) já é uma realidade para as operadoras de TV por assinatura. E ainda estamos engatinhando no que diz respeito a escutar nosso cliente para entender como ele interage nesse suporte.

Porém, mesmo sem ter um embasamento 100% científico, acredito piamente que:

1º - Os controles atuais possuem botões demais.
2º - Os botões são pequenos demais.
3º - É complicado encontrar um botão específico no escuro.
4º - É impossível olhar para a tela e para o controle ao mesmo tempo.

Estes são apenas 4 argumentos para criar um ponto de partida para a interface de um controle remoto melhor. Visto isso, a primeira alteração seria transpor a navegação para a tela e retirar todos os botões específicos (ex. volume, tv/av, menu, time shift, etc). Para que isso se torne possível, precisamos encontrar essas mesmas funções através de uma navegação tridimensional na tela do aparelho. Isso me parece similar a algo bem conhecido e bem estudado — um computador.

E seguindo esta analogia, vamos pegar um mouse e transformar num controle remoto. Para a movimentação espacial, vamos utilizar os controles direcionais de "esquerda, direita, para cima e para baixo". Com isso podemos navegar para frente, para trás utilizando as direções na horizontal e trocar esse caminho na vertical. Mas não quero me aprofundar na navegação e sim no controle. Outro comando importante do mouse é o botão que vamos tranformar no "OK" do nosso controle e... pronto. Com apenas estes controles já conseguimos atingir a maior parte de qualquer navegação necessária a uma interatividade com o nosso aparelho de TV.

Mas ainda não é o suficiente, alguns testes e a gente se depara com a necessidade de comandos adicionais, adicionaremos os botões de voltar e sair, já que analogia com o computador pode ser válida, mas ainda assim temos grandes diferenças. E uma delas é o modo de navegação no espaço através dos eixos x e y. Com o mouse, conseguimos rapidez e precisão, pois esse controle está na mão movimentando o mouse. Com o controle, usamos as setas direcionais, então a sugestão que me parece mais óbvia é movimentar os eixos e não o foco através deles. Com isso, nosso foco de interação se torna fixo.

Outra questão importante é a carga de aprendizado que os usuários já possuem e não vão querer abrir mão tão rapidamente. Digitar 1 e depois 8 para chegar ao canal 18 possui uma grande quantidade de adeptos, porém, com o uso da interatividade nos atuais guias de programação da TV digital, esse meio deve deixar de ser tão relevante quanto é hoje. Nesse sentido ainda temos o botão de silenciar (mute), bastante útil e ainda muito relevante a ponto de ter um atalho no controle. As teclas coloridas que com certeza vão melhorar a navegação para usuários mais avançados que preferem atalhos para uma navegação que pode chegar a 5 níveis utilizando apenas a interface. E, por último, um liga/desliga.


É isso. Aqui está um esboço dessa idéia de um novo controle.

Ainda vamos evoluir muito para alcançar uma experiência com bom nível de usabilidade na nossa TV. Isso será muito rápido no momento que novas tecnologias deixarem de ser novidade e o que realmente interessa, o conteúdo, for a estrela das empresas que desenvolvem as interfaces. Quando isso acontecer, a facilidade de uso pode decidir a compra ou não de um determinado produto e de novo vamos olhar para a internet e aprender aquilo que eles já trabalham faz tempo.

Para quem quiser saber sobre um trabalho que foi feito junto aos usuários, o Gil Barros tem uma dissertação de mestrado muito bacana para download - "A consistência da interface com o usuário para a TV interativa". Ele tem um trabalho científico e bem estruturado sobre o assunto. Bacana de ler, ainda mais para quem trabalha com TV Interativa.




Um comentário:

  1. Bom seria ter um controle remoto e uma TV que funcionem igual ao Wii. Você aponta para a tela e interage com a interface na TV mesmo. ;)

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